7.4.18

Final

Você percebe o que acontece na cidade? Você também sente? O ar tem gosto de pólvora que amarra a mandíbula.

Desesperados de verde e branco trombam com desesperados de preto e branco. Ninguém lida bem com isso. Apesar de todo convívio.

E a gente ocupa o sábado com coisas meio mortas. Coisas que nos façam parar de pensar. Mas a mente gira em falso. O desespero escorre pela testa como se não tivéssemos opção.

Hoje a gente escreve uma nova mitologia. A caneta mancha sozinha o papel. Somos protagonistas involuntários de uma história sem fim.

Quais serão nossos cantos de guerra daqui 20 anos? Amanhã a poesia responde. De um lado ou de outro, o sangue faz a jugular dar textura de mármore ao pescoço.

A cama é deserto de esperança. Um bocejo em vão. O lado mais frio do travesseiro. Você pode sofrer ou sofrer. Então escolhemos sofrer em dobro.


Um arrepio nas costas e o dia raia. O sol desperta pra algo novo e amedrontador. Essa noite vai ser infinita. Me sinto estranhamente bem. É bom estar vivo pra ver tudo isso.