6.4.17

De joelhos

Deitado nu na cama, deixo teu nome obcecar a razão. No quarto escuro das pálpebras, só existe você. Globos cegos reviram pela cavidade ocular, perseguindo tua sombra por mil labirintos. Constelações de imagens da tua bunda, da tua boca, dos teus seios, cintilam na tampa do crânio, nesse céu de você que é meu. Meu.

O eco molhado do teu prazer reverbera na orelha feito mantra gemido. Sussurro no teu sexo e um grito mudo tenta rasgar tua barriga. Elogios úmidos transbordam por lábios sorridentes. Palavras desesperadas e bonitas tentam nos algemar ao eterno. E o teu nome. O teu nome. O teu nome.

Da tua pele, lembro do gosto doce e do arrepio. Da língua, o hálito quente. Desço as unhas pelo peito até arrancar sangue, levo a gota à boca. Esqueceu daquele dia que você despencou do meu rosto? Que eu caí de joelhos e mergulhei em você? No subterrâneo das vontades, eu era devoto único e fiel da tua capela.

O ar pesado do quarto gruda em mim, o corpo que levitava agora afunda na cama. Sinto falta dos espasmos, da respiração quase débil e do cheiro do eterno. Curvado frente ao vazio sem fim, vejo a gênese do nosso vício. E como tudo se expandiu até nos engolir. Hoje a gente só existe nessas lembranças pálidas.


Rio que passou por mim, deito no leito seco da tua terra. Deserto feito de areia e desejo, o oásis é parar de pensar.

3 Comments:

At 6:17 AM, Blogger Unknown said...

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At 7:04 AM, Anonymous Anônimo said...

Que tesão Ângelo! O texto vive e eu o engulo! Num emaranhado você e ela vem junto e eu os abraço com minhas pernas num indefinido entre amor e gozo de leitor incógnito.

 

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