30.6.06

Boca

Não. Não fala nada. Não. Não...
Mas você tem que falar. Você tem que abrir sua boca e falar alguma coisa.
Eu ainda tava pensando no que você tinha falado por último.
Você não entende, não é? Você tem que estar sempre falando? Você nunca para pra pensar no que está falando?
Você é ansiedade. Você e sua ansiedade ficam apalpando minha atenção. Ficam constrangendo ela, como um chefe de cavanhaque, terno italiano e bom católico assedia a funcionária mais ajeitada.
E eu sou obrigado a prestar atenção no que você está falando.
E se eu ainda estivesse pensando no que você acabou de falar a pouquíssimo tempo atrás?
Mas você não pensa.
Você é palavras.
Você é um pé-no-saco.
Mas eu não vou falar nada.
Eu ainda tenho a esperança que você se toque.
Será que você vai perceber?
É minha última chance a você.
Ou você percebe que entre nós eu construiria um muro malcheiroso com as merdas que você chama de conselhos. Com as bostas que você chama de conversas. Ou eu fujo.
Eu tiro toda minha roupa e saio correndo.
Como você vai explicar isso?
Logo você que tenta verbalizar tudo.
Logo você que sabe tudo.
Logo você que explode meu saco.
Logo você, vai ficar sem palavras.
Xiu.
Pronto.
Acabou.
Abaixei o zíper.

2 Comments:

At 6:21 PM, Blogger Unknown said...

Você como meu ghost writer seria simplesmente um luxo...

 
At 2:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Muito bom. Curiosidade blaster pra saber quem é o(a) chato (a).

 

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